O secretário municipal de Cultura e Turismo, Cláudio Tinoco, afirmou nesta quinta-feira (26) que os achados arqueológicos da Praça Castro Alves deverão ser “integrados” ao projeto de requalificação do local e que parte da praça ficará isolada enquanto avaliações são feitas juntamente ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Com isso, o tradicional ponto do Carnaval de Salvador ficará reduzido durante os festejos momescos.

Uma estrutura de uma antiga construção foi encontrada na região das obras em meados deste mês. A suspeita maior é de que ela seja um chafariz pertencente ao Teatro São João, inaugurado em 1812 e destruído por um incêndio em 1923. Situado onde hoje se encontra a Praça Castro Alves, o teatro foi por mais de cem anos a principal casa de espetáculos da capital baiana.

Tinoco, em entrevista coletiva realizada no local das obras, afirmou que a prefeitura não pretende “isolar esses achados através de um gradil para que fiquem meramente expostos”, e sim “integrar essa estrutura à requalificação da praça, como um espaço associado às manifestações culturais”.

A grande estrutura do achado, para ele, fez com que houvesse a necessidade de realizar alterações no projeto da obra, prevista inicialmente para ser entregue em maio de 2020 – a expectativa era que a etapa de pavimentação da Praça Castro Alves fosse finalizada até 20 de fevereiro, antes do início do Carnaval.

“É claro que temos um marco importante, que é o Carnaval, que ocupa todo o trecho da Avenida Sete e Praça Castro Alves. Esses espaços precisarão estar disponíveis pra esse momento do Carnaval, então nosso planejamento levava em conta a pavimentação da Praça Castro Alves até 20 de fevereiro”, disse.

“Diante da extensão do achado, nesse momento não podemos fazer afirmações objetivas, mas é muito provável que a gente precise destinar uma parte da praça isolada durante o período do Carnaval”, completou.

O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na Bahia, Bruno Tavares, também esteve presente no local e confirmou que a estrutura arqueológica encontrada na Praça Castro Alves deverá ser preservada.

“É possível evitar a exposição no carnaval. Não há impeditivo pelo Iphan, sem pendência nenhuma. O Iphan já conhecia esse elemento. Ele foi novo para a população, mas nós já sabíamos e iríamos divulgar a informação completa”, disse.

“A arqueologia vem antes, durante e depois das obras. No tocante a esse achado, não é novidade. A escavação descobriu, aqui ouve um planejamento desde anos atrás, passamos um geo radar que detectou essa estrutura”.

Além do chafariz, mais de 10 mil artefatos históricos foram encontrados na Avenida Sete durante escavações com as obras de requalificação da Avenida Sete de Setembro e Praça Castro Alves.

De acordo com nota emitida pela Prefeitura, dentre os objetos recuperados, estão “faianças (cerâmicas) portuguesas do século XVI, cerâmicas de produção local e importação, moedas, cachimbos, contas de colares, ossos e até mesmo garrafas de vidro de produção industrial e artesanal”.

Com o fim das obras, todos os materiais serão transportados e ficarão disponíveis para estudo no Centro de Antropologia e Arqueologia de Paulo Afonso.

 

 https://bahia.ba/salvador/achados-arqueologicos-deverao-integrar-nova-praca-castro-alves-diz-tinoco/

 


Responsive image